sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Crônica por Gabriel M. Biajio

2057

Dia 30 de Junho de 2057, são 8h da manhã, mas já parecem 18h, há muito não vejo mais o brilho do Sol, pois a atmosfera poluída daqui é muito densa. O meu sonho se concretizou, aquela pacata cidadezinha se tornara um grande pólo econômico, mas infelizmente descobri o quão maravilhoso era viver em uma pequena cidade. Foi aí que notei que o sonho começou a se tornar um terrível, obscuro e tenebroso pesadelo. Já são 10h, e devo ir ao trabalho, pego meus “jet-foots” (são espécies de botas à jato) e flutuo durante quinze minutos, até chegar ao escritório da South BR Airlines, e subir ao 179º andar, pois com tanta gente morando em um mesmo lugar, os prédios precisaram crescer mais, e os antigos arranha-céus tornaram-se meros “sobradinhos”. As 14h chegam, é hora de almoçar, parece filme de terror - nada se compara com o ano de 2010 -, as comidas são todas sintéticas, pois as plantações não existem mais, nada nasce num solo tão poluído. Olho o relógio e são 19h, devo tomar o caminho inverso e voltar para casa. As únicas luzes que vejo são as dos prédios, pois as estrelas e a Lua estão encobertas por eles. Tomar banho como em 2010, era impossível no ano de 2057, apenas me limpo com lenços umedecidos. A hora passa e vou me deitar, o sono é turbulento como todos. Rolo pela cama durante algumas horas até que consigo dormir. Quando estou sonhando com aqueles velhos tempos, o despertador toca e inevitavelmente acordo. Quando me dou conta aqui estou eu, no dia 1 de Julho de 2010, com 14 anos, noto então, que tudo aquilo não passava de um terrível pesadelo, porém um possível futuro.

By: Gabriel de Moraes Biajio